É inacreditável onde a ganância do homem é capaz de levá-lo. Desde Abel o mudo tem sofrido com o derramamento de sangue sobre a terra. Não podemos negar como é difícil lidar com questões de orgulho, inveja, cobiça e tantas outras coisas que nos circundam e estão em todo lugar que chegamos e em todo lugar que olhamos.
Contudo, a palavra do Senhor nos diz, em II Pedro 1, no versículo 3 e 4, que Deus, através de Jesus Cristo, já nos deu tudo que necessitamos para viver em integridade diante do Senhor e que Ele mesmo nos deu a chance de participar de uma natureza divina para que possamos escapar da corrupção do mundo, de toda sua cobiça. Na verdade, Deus já havia dito, ao próprio Caim, responsável pelo primeiro ato mau movido por inveja, que o pecado está sempre à porta e cabia a ele dominá-lo (Gn 4:7), o que nos torna responsável também por isso.
Contudo, é interessante analisarmos como temos andado diante da avareza que controla o coração humano e os cofres espalhados pelo mundo. Quase não dá pra acompanhar cronologicamente como o mundo se tornou tão cheio de orgulho e temores em relação a riquezas. Incrivelmente, nossa sociedade se encontra emergida em um sistema financeiro que coloca o homem em pé de guerra, pronto a comprar briga e passar por cima de quem for preciso para obter o que quer. Parece sem sentido colocar a culpa em dinheiro, pois como um simples pedaço de papel colorido move os quatro cantos da terra dessa maneira? Como também podemos colocar a culpa no governo por tão má distribuição de renda?
Como cristãos, não podemos limitar nossa visão ao que se vê, não podemos fechar os olhos e achar que toda responsabilidade de assistir os necessitados pertencem ao governo ou aos mais abastados. A responsabilidade de ver além do natural, de suprir necessidades básicas de nossos irmãos é principalmente nossa.
Não conseguimos ver, mas satanás tem tido um poder maior do que imaginamos em muitas áreas da vida de cristãos. Em Ezequiel 28: 12-19, narra-se a história do rei de Tiro, vejamos:
“Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Eu te coloquei como querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas.
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniqüidade.
Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas.
Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem.
Pela multidão das tuas iniqüidades, na injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, à vista de todos os que te contemplavam.
Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; chegaste a um fim horrível, e não mais existirás, por todo o sempre.”
Entende-se que alguns títulos referidos não se tratam de um rei comum, um homem normal, mas do próprio satanás quando ainda ministrava no céu, como um anjo de luz e depois sua queda
Mas o que importa agora é ver que uma das maneiras que satanás usa para controlar o homem é jogar sobre nós a ganância, a sede de poder, o orgulho, medo e principalmente a insegurança financeira, que o diga os que quase morrem ou até morreram na última crise financeira que abalou o mundo. É incrível como as ordens de Deus se torna ínfima quando falamos em dinheiro. Como satanás consegue colocar palavras absurdas em nossas bocas: “Não tenho”; “Sou pobre”; “Não vou conseguir suportar a crise”; “Meu dinheiro é pouco”; “Não posso dar”. Misericórdia! Estamos sendo manipulados pelo rei de tiro! Aquele que nos aprisiona aos nossos bens materiais.
Então, o que fazer? Abandonar tudo que se relacione com o dinheiro? Não! Se assim fosse teríamos que sair do mundo e não é isso que Deus quer. Jesus já disse isso em João 17:15 em sua oração ao Pai por nós: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno.”
Como seremos guardados do maligno?
Nunca entendi porque mesmo nos amando Deus precisa que façamos algum tipo de sacrifício para recebermos uma bênção. Isso me trouxe um instante de reflexão. Porque Deus espera que eu faça algo para obter minha bênção, minha promessa?
Vejamos Daniel 10:12-14:
“Então me disse: Não temas, Daniel; porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras, e por causa das tuas palavras eu vim.
Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu o deixei ali com os reis da Pérsia.
Agora vim, para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo nos derradeiros dias; pois a visão se refere a dias ainda distantes.”
Na verdade, o mundo é regido por leis espirituais que precisam ser seguidas por nós que estamos envolvidos em um mundo espiritual tão real quanto o físico. Consciente ou inconscientemente, cristão ou não, temos uma representação nesse mundo. Satanás tem investido pesado em nos manter como “coitados”, os que nada tem, que ganha o suficiente para sobreviver, mas não tem um centavo no bolso, justamente por conta da avareza, porque não consegue abrir mão do que tem por amor ao Senhor, por obediência.
Precisamos quebrar o poder de satanás em nossas vidas, precisamos abençoar, fazer sacrifícios se preciso e esperar a provisão do Senhor em nossas vidas. “Obedecendo ás orientações que o Senhor nos dá, podemos anular toda influência que o rei de Tiro exerce sobre indivíduos, comunidades, instituições e nações.” (CUNNINGHAM, 1991, 64)
Missionário Amilton Joaquim (Jocum-Maceió)
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